Em um desses sempre agradáveis e esperados encontros de todas as quartas-feiras na sede do V.A.C.A. - aconteceu um fato impagável e que merece registro porque precisa constar nos anais da história da nossa agremiação para jamais ser esquecido, em razão de uma “armação” bem feita a um querido e estimado companheiro, brincalhão, alegre, divertido, de espírito sagaz e com uma enorme capacidade em saber fazer observações argutas de maneira sutil e que a ninguém perdoa, até pelo mais insignificante e ingênuo deslize cometido por quem quer que seja, mas que não passa imperceptível aos seus olhos endiabrados e pensamentos maquiavélicos.
Esse companheiro faz parte da turma da AVENIDA PAULISTA, porque ali se reúnem os considerados “poderosos” e que segundo os invejosos e linguarudos, são proprietários de muitos bens, dentre eles, carros de luxo, iates, mansões, aviões e até helicópteros.
E aqueles outros mais humildes e que precisam “batalhar” muito e “ralar” bastante e que por não terem nascido em “berço de ouro”, formam na turma da conhecida RUA 25 DE MARÇO.
A certa altura do jantar, esse inquieto cidadão e o grande personagem desta história que hoje contamos, levantou-se e se dirigiu ao bar do clube, falando em alto e bom tom para que todo mundo ouvisse, por não ser uma pessoa preconceituosa, iria tomar uma cerveja em companhia dos amigos da RUA 25 DE MARÇO.
Ato instintivo e sem nenhuma combinação, Esses amigos apenas se entreolharam e aguardaram a tão esperada presença dessa notável personalidade.
Quando essa importante figura se preparava para sentar-se, os companheiros da “RUA 25 DE MARÇO”, sem nenhuma demora e numa sincronia perfeita de divinas proporções, levantaram-se todos ao mesmo tempo, como uma “ola em revoada” e o deixaram sozinho, inteiramente perdido, confuso, desnorteado e surpreso com o inesperado abandono que acabara de sofrer. Só ficou em sua companhia, a garrafa de cerveja, o copo de pau e o seu sorriso amarelo e sem graça nenhuma.
Nem será preciso dizer que o delírio da plateia foi geral, e que a partir daquele momento memorável e inesquecível, estavam agora todos de “almas lavadas” e a “vingança” tanto esperada finalmente consumada.
Hoje ele reclama que esse episódio instalou nele uma profunda depressão e que se encontra emocionalmente muito abalado, e por estar profundamente decepcionado em razão do completo abandono e desprezo a que foi submetido, passou a comer em demasia e que está muito além do seu peso normal, que o impede de praticar um futebol de qualidade, que sem falsa modéstia, na visão dele, o diferencia dos demais.
Por outro lado, não é esse o sentimento de seus companheiros. A visão é totalmente outra. Eles acreditam que se trata de “crise existencial” em busca de sua verdadeira “identidade”, de um processo de “indefinição”, talvez afetado pela “SÍNDROME DO ARMÁRIO” carregando aquela dúvida cruel, se deve ou não sair de dentro dele.
E para finalizar, ele é conhecido como a “GAZELA DA BIKE” por usar um shortinho justo e da cor rosa choque. Seus companheiros de pedaladas comentam muito reservadamente que acham estranhos a sua forma de se acomodar em cima da bicicleta, porque é o único que só senta nela se o lado pontiagudo do selim estiver empinado.
Outro fato vinculado, é que esse companheiro abalado pelo acontecimento colocou a venda o seu título de sócio do V.A.C.A. pelo valor de R$200.000,00, rejeitando qualquer oferta inferior a essa quantia.
Foi então confeccionado um cheque gigante, nominal a esse sócio e que foi entregue por um dos companheiros, com registro no campo destinado a assinatura, a seguinte frase: “O cheque vai assinado pelos outros felizes 44 associados do V.A.C.A.”